Arquivo da categoria: Sem categoria

Sobras valiosas

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) calcula que, todos os anos, um terço dos gêneros alimentares produzidos para consumo humano no planeta perde-se ou é desperdiçado ao longo da cadeia produtiva, ou seja, 1,3 bilhões de toneladas anuais que poderiam alimentar 3 bilhões de pessoas. O desperdício ocorre por  diversas razões, nos países desenvolvidos . Em geral, os países industrializados desperdiçam mais nas fases finais, de comercialização e consumo, já nos países em desenvolvimento as quebras se dão mais na produção, armazenamento e distribuição devido a falta de infraestrutura.

Screen Shot 2015-11-16 at 12.01.42

Ao mesmo tempo em que as sobras alimentares são um problema, alguns já a transformam em solução. As medidas vão das mais simples às mais inusitadas, mas todas com um propósito comum: dar um destino mais nobre a essas alimentos que a lata de lixo.

O Banco de Alimentos, organização não-governamental brasileira criou o projeto “Desperdício Gourmet” em parceria com restaurantes para incentivar o uso de das partes desprezadas dos ingredientes frescos como talos, cascas e sementes de maneira criativa pelos chefs de cozinha. Um dos pratos é oferecido gratuitamente aos clientes que ao final da refeição recebem a seguinte questão:”Um dos pratos que você comeu hoje foi feito com ingredientes que sobraram do preparo de outros pratos. Você sabe qual foi?”

Screen Shot 2015-11-15 at 20.57.00

A designer italiana Michela Milani levou o conceito do preparo de pratos com sobras mais ao pé da letra e literalmente seus pratinhos são confeccionados a partir de sobras e podem armazenar produtos secos. Para o descarte basta dissolvê-lo em água e usar para fertilizar o solo.

Screen Shot 2015-11-16 at 11.58.55

Uma alternativa tecnológica foi criada pela designer de materiais Fanny Nilsson é a Re-Feed, uma pequena máquina de compostagem, pequena o suficiente para ficar na sua cozinha, ela é ideal para receber as sobras das refeições familiares. O funcionamento é simples, basta inserir as sobras no compartimento superior e retirar o adubo formado pela composteira na parte inferior, já pronto para ser utilizado nas suas plantas ou na sua horta. Infelizmente a designer ainda não descobriu uma maneira de manter os odores da compostagem neutros, afinal não é agradável ter a cozinha mal-cheirosa sempre que abrir a máquina, mas espera-se que logo isso esteja resolvido e a Re-Feed finalmente possa finalmente fazer parte do nosso arsenal culinário.

Screen Shot 2015-11-15 at 21.26.05   Screen Shot 2015-11-15 at 21.26.15

De maior porte é o projeto colaborativo europeu liderado pelo Centro de Inovação de Processos (CPI), que visa transformar as sobras de alimentos em grafeno e hifrogênio. Estamos falando do PlusCarb, que vai “transformar o biogás gerado pela digestão anaeróbia de resíduos de alimentos através de um inovador processo de baixa energia que produz plasma de microondas para dividir o biogás (metano e dióxido de carbono) em altos valores de grafite de carbono e hidrogénio renovável.”

Screen Shot 2015-11-16 at 11.44.59

O processo clivagem (leia-se quebra) do carbono utilizando plasma apesar de ser bem conhecido, ainda está em teste e otimização, mas com futuro previsto para produção em escala. O projeto de três anos é co-financiado pela União Européia junto a outros oito parceiros para fortaleceras tecnologias ambientais e além de reduzir o desperdício de alimentos, vai transformá-lo em fontes de energia renováveis e sustentáveis. Além disso, com o sucesso do projeto, há potencial de geração de empregos e novos mercados a serem explorados, que são a gestão de  resíduos de alimentos, alto valor do grafite e vendas de hidrogênio.

O grafeno (foto abaixo) é mais forte do que o aço, mas ao mesmo tempo é leve e é excelente condutor de eletricidade e calor. Por essas características, ele tem sido usado mas mais diversas aplicações, desde o reforço de raquetes de tênis até a construção de células solares. E foi também identificado como uma das matérias-primas economicamente críticas da Europa e de atuação estratégica no desenvolvimento de futuras tecnologias emergentes. “O mercado mundial de grafite, extraído ou sintético, vale mais de 10 bilhões de euros por ano. Hidrogênio já é usado em quantidades significativas por parte da indústria e reconhecido com grande potencial como futuro combustível de transporte para uma economia de baixo carbono.” Atualmente 95% do hidrogênio é produzido a partir de combustíveis fósseis e uma demanda crescente.

Screen Shot 2015-11-16 at 12.11.59

Nada disso é desculpa para descuidarmos do planejamento das compras em casa e não prestarmos atenção ao que colocamos no nosso prato, mas é um alívio ver que quando o descarte for inevitável, dias melhores virão para as sobras.

 

http://propmark.com.br/agencias/jwt-brasil-cria-acao-desperdicio-gourmet

http://www.terceiradimensao.com/2015/01/projeto-converte-residuos-de-alimentos-em-grafeno-e-hidrogenio.html

http://www.digitaltrends.com/home/re-feed-tabletop-gadget-slow-cooks-your-leftovers-into-food-for-plants/

http://www.adnews.com.br/publicidade/jwt-gourmetiza-sobras-de-alimentos-em-restaurantes

http://coletivominimo.com/2015/07/27/foodscapes-bowls-biodegradaveis-feitos-de-restos-de-alimento/

http://www.nationalgeographic.pt/index.php/artigos-arquivados/arquivo/72-161/256-o-pre%C3%A7o-do-desperd%C3%ADcio-de-comida

http://zh.rbsdirect.com.br/imagesrc/16459573.jpg?w=64 0

http://imagens.canaltech.com.br/62940.90176-Grafeno.jp g

Vida longa ao tomate

Que o tomate é matéria prima de produtos deliciosos como ketchup e molho todo mundo sabe. Ele é a estrela até em festas populares como a La Tomatina, famosa guerra dos tomates na Espanha. A novidade é que ele agora também é base para outros produtos inusitados.

Screen Shot 2015-11-10 at 23.10.20

Já imaginou seu azeite amarelo-ouro de repente ser avermelhado? Isso é possível com o azeite de tomate. Ele também é feito com azeitonas, mas estas deixam de reinar sozinhas no Red Olive. O produto é inédito, já foi patenteado e une os benefícios do azeite tradicional com os do tomate.

Screen Shot 2015-11-10 at 21.42.28

Também feita com tomates é uma caixa desenvolvida pela Solidus Solutions, empresa holandesa. É uma caixa de e para tomates, que usa restos de tomates em caixas de cartão para transportar os frutos saudáveis. É totalmente reciclável e contribui para a utilização de resíduos contribuindo para a diminuição do desperdício, pois para a fabricação são utilizados principalmente caules e folhas de tomates, cujas grandes quantidades não possuem utilidade para o produtor e nem para o cliente. Esse resíduo é picado, moído e as fibras são então então extraídas e misturadas com as fibras de papéis reciclados.

Screen Shot 2015-11-10 at 22.09.45

As fibras de tomate aparecem no interior da caixa de propósito para que o consumidor as possa ver. As caixas transportam até cinco quilos de tomates e podem ser recicladas até sete vezes. Para o futuro, os planos da empresa incluem reciclar folhas de pepino e de pimentão.

Humm só novidades deliciosas para um fruto delicioso e versátil. Vida longa aos tomates!

La Tomatina: a guerra de tomates da Espanha

http://web.folhasdeoliva.com.br/home/

Inovação para todos

Quando se fala em inovação, muitas vezes o que nos vem à mente é algo altamente tecnológico e que vai demorar até ser acessível a toda a população. Mas há também a contracorrente, a inovação social, que prova que é possível inovar, ter preço justo, ser acessível e ainda assim ser lucrativo e sustentável.

Um ótimo exemplo disso é a Algramo, empresa chilena que opera com vending machines de alimentos à granel. O consumidor paga pela embalagem apenas uma vez e pode enchê-la novamente quando quiser, pagando mais barato e poupando o descarte de embalagens no ambiente. Como os produtos vão direto do produtor à empresa e poupa-se também o custo de embalagem, o preço final é até 40% mais barato que em supermercados, tornando esta uma opção de qualidade acessível às populações carentes.

 

Na África muitas crianças percorrem um longo trajeto a pé até a escola. E muitas delas também não possuem energia elétrica em suas casas, impedindo-as de estudar quando escurece. Para resolver os dois problemas de uma só vez, um grupo de mulheres sul-africanas criou as mochilas Repurpose. Indicadas para as crianças carregarem seus materiais escolares, as mochilas são feitas a partir da reciclagem de sacolas plásticas e possuem uma placa solar em cada que se carrega durante o dia e garante luz à noite. Além de todos os benefícios já citados, a mochila chega às crianças que mais precisam delas através de doações (seja um doador aqui), sem custo para as famílias.

Screen Shot 2015-11-01 at 10.46.38

Também mirando países em desenvolvimento, o estudante Quang Truong do MIT criou o Evaptainer, que parece uma caixa térmica de isopor (ou esferovite, em Portugal), mas é uma geladeira (frigorífico – Portugal) móvel, que funciona com energia solar e água. Ele argumenta que em algumas localidades da África até 40% da produção alimentar se perde antes mesmo de chegar ao consumidor e especialmente os pequenos agricultores são os mais prejudicados, pois não dispõem de energia elétrica e refrigeradores para conservar os alimentos.

O Evaptainer utiliza um processo de resfriamento por evaporação. Na camada intermediária do equipamento são utilizadas placas de alumínio e um tecido especial úmido para manter o interior frio conforme a água evapora. São necessários seis litros de água para manter até 150 tomates dentro do Evaptainer frescos por doze horas. O funcionamento é exatamente o mesmo dos refrigeradores de barro usados principalmente na Índia, porém nestes a cada intermediária é de areia molhada, tornando o dispositivo muito mais pesado. A previsão é de que o custo fique seja de 10 a 20 dólares por unidade e o programa piloto está ocorrendo no Marrocos. Estudos anteriores calculam que as tecnologias baseadas em resfriamento por vapor aumentam em média 25% a receita dos usuários pela redução do desperdício de alimentos.

Screen Shot 2015-11-01 at 10.48.33

A versão mais rudimentar do Evaptainer, ou seja, a geladeira feita de barro, possui uma versão bastante atraente na Índia, é o Mitti Cool (nossos parceiros do Noctula já falaram sobre ele aqui). Lembra-se dos filtros de barro que mesmo no calor do verão brasileiro dispunham sempre de água fresquinha? O princípio aqui é o mesmo, o que mais uma vez prova que nem sempre a inovação implica em alta tecnologia e preços exorbitantes, muitas vezes a solução está bem perto de nós, até mesmo nas nossas cozinhas.

mitti-cool-frigorífico-de-barro

 

http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/blog-da-redacao/mochila-reciclada-com-placa-solar-leva-luz-a-criancas-da-africa-do-sul/

http://www.repurposeschoolbags.com/

Home

http://www.digitaltrends.com/home/evaptainer-is-an-electricity-free-refrigerator/

O frigorífico de barro que não usa eletricidade

 

Potencial mal-cheiroso

Este post não é exatamente sobre comida, mas sobre o que um dia foi comida, ou seja, suas fezes. Pode até não ser à primeira vista um assunto muito atrativo, mas há quem já esteja pensando nisso e, acredite, o potencial de lucro é tão alto que alguns já chamam esse resíduo humano de ouro líquido!

A NASA estuda a possibilidade de fazer com que os astronautas de alguma forma “comam”suas fezes, pois além de resolver o problema do acúmulo de resíduos ao longo da viagem, também diminuiria a quantidade de comida necessária a ser levada na missão. Mas como vocês podem imaginar, a ideia não é raspar o pinico, claro. Em conjunto com a Clemson University na Carolina do Sul em um projeto de três anos e US$600.000,00 cada equipe de pesquisadores vai explorar alternativas para o problema. Um dos projetos prevê o uso de microorganismos para realizar a transformação. Para quem pensa em comer pizza ou alface no espaço, talvez a sobremesa você já saiba qual é…

Screen Shot 2015-10-27 at 19.24.27

Enquanto a NASA tenta fazer com que fezes voltem a ser alimento, há uma semente africana que “se finge de fezes” para escapar de virar comida. A planta Ceratocaryum argenteum produz algumas sementes parecidas com excrementos de antílopes, bastante fétidas, que acaba por confundir o escaravelho conhecido como “rola-bosta” no Brasil (foto abaixo), que se alimenta de fezes e as enterram no solo para comer posteriormente. Ao perceber o engano, o inseto deixa a semente enterrada e segue seu percurso habitual, o que é bom para a espécie, pois a semente á ficou devidamente plantada na terra.

Screen Shot 2015-10-22 at 19.40.12

Segundo os pesquisadores da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, este mecanismo é estranho porque as sementes geralmente não possuem cheiro e utilizam outras técnicas de dispersão como o vento, por exemplo.

Na China um engenheiro alemão tem o objetivo de transformar fezes em lucro. A quantidade de dejeto humano tratado em Pequim é o suficiente para encher três piscinas olímpicas por dia e a população urbana só aumenta, causando colapso no sistema de saneamento.  E ele ele trabalha com estudantes universitários da Universidade de Pequim para otimizar o aproveitamento dos resíduos para obtenção de energia e fertilizantes. Há anos que nas propriedades rurais do país há tanques de tratamento de dejetos que são então transformados em fertilizante agrícola, o que se pretende agora é expandir esse modelo em escala industrial para os centros urbanos.

Há porém alguns obstáculos a serem vencidos, o primeiro é educacional, pois ainda há muitos habitantes que jogam todo tipo de lixo no vaso sanitário, até mesmo pilhas, o que atrapalha o processo, além disso, as fezes por lá são mais úmidas que as dos europeus, o que é devido à dieta chinesa, rica em vegetais frescos e inviabiliza a incineração dos resíduos.

Fezes também podem virar água. Faz alguns meses que Bill Gates provou e aprovou a água resultante do OmniProcessor, da Janicki Bioenergy, um sistema de tratamento de água e saneamento sustentável e acessível a países subdesenvolvidos (as tentativas anteriores eram muito mais caras). A “mágica” acontece porque apenas 20% das fezes é composta de biomassa fecal, o restante é água, então a máquina gera energia e água a partir de dejetos em apenas 5 minutos.

A sujeira é toda fervida, a parte sólida vai para uma fornalha e a energia gerada alimenta a própria máquina. O vapor d’água é tratado e sai pela torneira como água pura. Veja o vídeo abaixo para compreender o processo completo.

E se isso parece devaneio de cientista louco, saiba que já há uma unidade do OmniProcessor funcionando a pleno vapor em Dakar, no Senegal. Lá as pessoas precisam esvaziar suas fossas manualmente e acabam por contrair doenças. Agora o caminhão da empresa recolhe mecanicamente as fezes e a leva ao processador que além de água e energia, também dá origem a um material que é utilizado na fabricação de blocos pra a construção.

E se nada disso te convenceu, saiba que um estudo constatou que os resíduos de um milhão de americanos podem conter até 13 milhões de dólares em ouro e metais preciosos. Falta ainda encontrar uma maneira de extrair os metais, reduzindo a atividade de mineração e diminuindo também a liberação de metais no meio ambiente. E lembre-se de que o cocô do civeta origina o café kopi luwak, o mais caro do mundo. E aí, quer entrar na corrida pelo ouro?

Screen Shot 2015-10-27 at 19.14.41

http://www.digitaltrends.com/cool-tech/nasa-funds-research-for-turning-poop-into-astronaut-meals/

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151009_semente_fezes_ab

http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/como-os-chineses-estao-transformando-fezes-em-ouro-negro

http://www.tecmundo.com.br/bill-gates/84733-bill-gates-processador-fezes-gera-agua-operando-africa.htm

http://www.tecmundo.com.br/bill-gates/71128-bill-gates-tomou-maquina-transforma-coco-agua-limpa-em-5-minutos.htm

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/03/fezes-humanas-contem-ouro-e-metais-preciosos-constata-estudo.html

http://jornaldouro.blogspot.pt/2015_04_01_archive.html

http://ciencia.hsw.uol.com.br/astronautas-comem-no-espaco.htm

Água limpa a quem precisa

Quem mora em São Paulo hoje sabe o que é passar por uma crise hídrica, mas ainda assim,  a maioria de nós não sabe o que é não ter acesso à água por toda a nossa vida, caminhar quilômetros diariamente com baldes para poder cozinhar e lavar. Em muitos lugares do mundo a água é tão contaminada que é impensável bebê-la.

Uma pesquisadora da Universidade Carnegie Mellon criaram um filtro de água que é um livro. As páginas são destacáveis e contêm nanopartículas de prata a cobre e conforme as bactérias percorrem o filtro de papel, elas absorvem essas partículas e morrem. A água filtrada possui nível de contaminação similar ao de água de torneira nos Estados Unidos, o filtro mata 99% das bactérias e já foi testado em amostras de água africanas. Apesar do sucesso do produto, não há processo industrial para tal, os livros ainda são feitos manualmente por ela e os estudantes e ainda faltam estudos quanto a eficácia do filtro em relação a vírus e protozoários. Tem tudo para dar certo, é barato, fácil de usar e ainda pode conter informações nas páginas (afinal, estamos falando de um livro!)

No Quênia, a população já pode contar com um caixa eletrônico de água, em vez de retirar dinheiro, os moradores da região retiram água limpa. A iniciativa chama-se AQtap e é da empresa dinamarquesa Grundfos. Lá o problema não é o acesso à água, pois a população já paga por ela e a retira em centrais, o que ocorre é que os controladores das torneiras não necessariamente repassam o dinheiro arrecadado para as melhorias do sistema como deveria ser feito.  Assim, a empresa explica que todo o dinheiro arrecadado pelo caixa eletrônico é reinvestido para melhorar a qualidade do abastecimento do próprio sistema e também possibilita a coleta de dados de consumo de água para mapeamento, planejamento de ações futuras e medição do impacto das mesmas. Ainda está em fase piloto, mas já está sendo testando em outros países como Nigéria e Tailândia.

Screen Shot 2015-10-20 at 12.12.39

Também vem da África uma planta que limpa água, a moringa. A moringa tem sido alardeada como sendo a planta milagrosa, pois além de conter mais cálcio que o leite de vaca e mais ferro que o espinafre tem concentração altíssima de vitaminas A e C e potássio. Ela já e utilizada há muitos anos pelas populações locais como base da alimentação e também no tratamento de dores de estômago e até de malária. E não é só isso, ela também possui a capacidade de limpar a água. Suas sementes (foto abaixo) quando trituradas e misturadas à água a tornam limpa, graças a sua propriedade de atrair argila, sedimentos e bactérias.

Screen Shot 2015-10-20 at 12.26.42

Outra ideia inspirada na indústria de alimentos é o chuveiro que pasteuriza a água. Durante o banho, a água que escorre pelo ralo é reaproveitada no próprio banho e passa pelo chuveiro novamente, assim um banho consome apenas 3 litros de água e quando o banho termina o sistema descarta a drena a água pelo ralo e o próximo banhista não corre o risco de se molhar com o banho anterior. O processo é o mesmo utilizado na esterilização de leite na indústria, a água passa por 3 filtros, pasteurização, diluição em 30% de água potável e volta ao chuveiro, tudo isso em cerca de meio minuto (foto abaixo). Parecido com o sistema do engenheiro brasileiro Pedro Ricardo Paulino, que é esterilizada por raios ultravioleta e ozônio e por fim o encaminha a água à privada quando o banho termina, permitindo-a ser utilizada mais uma vez (video).

Screen Shot 2015-10-20 at 15.53.10

Contudo, não há milagre, as inovações fazem sua parte, mas ainda assim cada um precisa fazer a sua, então continue economizando água sempre.

 

http://www.geek.com/science/drinkable-book-has-pages-that-filter-water-and-kill-bacteria-1631449/

http://www.fastcodesign.com/3050748/these-atms-in-kenya-dispense-clean-water-instead-of-cash#1

http://www.grundfos.com/

http://www.hypeness.com.br/2015/08/as-folhas-dessa-arvore-tem-mais-calcio-que-o-leite-de-vaca-e-mais-ferro-que-o-espinafre/

https://www.sciencetarget.com/Journal/index.php/IJAFR/article/view/381/134

Clique para acessar o stenopetala.pdf

http://www.ecycle.com.br/component/content/article/37-tecnologia-a-favor/2392-chuveiro-recicla-agua-e-a-reaproveita-no-mesmo-banho-economia-e-de-70.html

Chuveiro que recicla água do banho gasta apenas 10 Litros

Cafezes? Não mais!

Se você é viciado em café e não resiste a um café gourmet, pode comemorar. Já ouviu falar do kopi luwak? É tido como um dos cafés mais caros e especiais do mundo e seu processo de produção inclui passagem dos grãos pelo intestino da civeta, um mamífero parecido com algo entre um gato e um gambá, típico da Indonésia. O civeta come os grãos mais doces e maduros de café e depois que ele os defeca (foto abaixo), os sabores que o café adquire pela digestão e os microorganismos do intestino do bicho fazem com que este seja um dos cafés mais caros e apreciados no planeta. O quilo do café dessas fezes passa dos 1200 dólares!

Screen Shot 2015-10-15 at 15.03.31

Diz-se que os civetas causavam perdas para a indústria cafeeira, pois se alimentavam da planta e, para evitar o desperdício, os cafeicultores passaram a coletar os grãos que saíam desses animais. Não se sabe exatamente como, mas alguém experimentou a bebida feita com esses grãos e descobriu sabores únicos que tornaram o café tão disputado.

Screen Shot 2015-10-15 at 15.11.15

O lado negro dessa indústria é que depois que descobriram essa mina de ouro do café, os pobres animais passaram a ser enjaulados (foto acima) e forçados a comer e produzir mais, num processo que apelidaram de o “foie gras do café” (em alusão ao processo produtivo do foie gras, em que gansos são forçados a comer e seus fígados resultem no produto tão apreciado na culinária francesa). Pensando nisso, dois cientistas franceses fundaram a Afineur e criaram um método que mimetiza as condições do intestino do civeta em laboratório, mas que resultam num café sem fezes, sem sofrimento animal e com preço em torno dos 100 dólares por quilo, bem abaixo do original praticado atualmente. A campanha no Kickstarter arrecadou todo o montante esperado já nas primeiras horas de campanha.

Screen Shot 2015-10-15 at 15.22.16

E como o café é muito versátil, pode ser usado não só para beber, mas também para imprimir. Os resíduos de café deram origem a filamentos para impressoras 3D. O material, da empresa 3Dom, além de ser ecologicamente sustentável, também exala aroma de café enquanto a impressão ocorre. E pode ser usada em qualquer impressora 3D, não precisa de nada especial.

Se você prefere algo mais prático e rápido, pode adquirir uma dose de café em pó. Disponível em breve nos Eua, o princípio, como já falamos aqui é o de ingerir pequenas partículas contendo exatamente o que deseja, nesse caso, a cafeína. A empresa garante que o produto tem sabor de café, mas falta o prazer de fazer uma pausa no trabalho para um cafezinho, e isso não tem preço!

Screen Shot 2015-10-15 at 15.32.39

 

http://www.3domusa.com/shop/wound-coffee-filled-filament/

http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?mat=11449

http://www.wired.com/2014/10/civet-coffee-without-civets/

http://www.digitaltrends.com/home/afineur-makes-civet-coffee-without-the-poop/

http://www.digitaltrends.com/cool-tech/coffee-based-pla-filament-3d-printing/

http://www.geek.com/news/cultured-coffee-offers-the-flavor-of-poop-brewed-coffee-without-the-crap-1630834/

https:// http://www.kickstarter.com/projects/camilledelebecque/cultured-coffee-reinventing-coffee

http://aerolife.com/product/aerolife-coffee/

Plante você mesmo

Aquela ladainha toda de que agrotóxicos fazem mal, você deve consumir orgânicos etc etc etc nós já estamos cansados de ouvir. Difícil é ter o bolso preparado para o aumento nas despesas quando você substitui a compra de hortaliças comuns pelas orgânicas, a não ser que você more perto dos produtores e compre direto deles, faça parte de alguma cooperativa de consumo ou que você mesmo plante a sua comida.

Sim, você pode ser o produtor que vai fornecer a você mesmo. Para tornar essa tarefa possível nas grandes cidades, para quem mora em apartamentos, quem carece de quintal e também para quem não tem a menor ideia de como fazer uma horta, a inovação veio para te dar uma mãozinha.

Até mesmo socialmente as hortas são estimuladas, em São Paulo há a Casa Porto Seguro, destinada a moradores de rua que queiram sair das ruas e mudar de vida, que possui uma horta comunitária mantida pelos próprios moradores. Em Uberlândia o presídio Jacy de Assis também possui, mas é cultivada pelos detentos, que produzem cerca de 400 caixas de hortaliças por mês. A horta contribui para a economia de água, já que é feita a captação de águas pluviais e a produção é destinada não só ao consumo próprio como também é doada para instituições de caridade e famílias pobres da região. O índice de reincidência criminal caiu para 1% dentre os presidiários que participam do programa.

Screen Shot 2015-10-13 at 20.27.31

A empresa finlandesa Plantui criou o Plantui Smart Garden, um equipamento para cultivo de vegetais hidropônicos (para quem desconhece, leia-se plantados em água, sem uso de terra). O aparelho possui uma tecnologia patenteada que alia espectros de luzes de forma a mimetizar o processo de fotossíntese das plantas e água e nutrientes (fornecidos em cápsulas também pela empresa) para que elas se desenvolvam. A água e a luz de ajustam automaticamente de forma a se obter o melhor crescimento em cinco a oito semanas. A vantagem é ter vegetais frescos o ano inteiro sem precisar de habilidades em agricultura para isso.

Seguindo essa linha, o Grove Labs Acquaponic Garden, de Boston, também oferece horta hidropônica, porém o sistema é composto de uma estante com caixas e assim como o Plantui, também possui controle automático. E ainda mais, a quinta caixa do sistema é um aquário, para que os dejetos dos peixes sejam utilizados para fertilizar as plantas e água limpa retorne aos peixes, completando o ciclo. Para completar, você pode contratar o serviço mensal que fornece as sementes.

Screen Shot 2015-10-13 at 19.15.48

O Nthing`s Planty se diferencia dos concorrentes, pois disponibiliza os dados colhidos do seu sistema diretamente no seu smartphone e permite que você controle remotamente. Possui também um compartimento para água que pode ser programado para regar a planta mesmo que você esteja viajando, por exemplo. Estará disponível nos Estados Unidos a partir de novembro.

Screen Shot 2015-10-13 at 19.51.33 Screen Shot 2015-10-13 at 19.52.10

Saindo dos hidropônicos há o Plug & Plant, da mexicana Vertical Green, que também é todo high tech, mas é vertical. Ainda está arrecadando fundos no Kickstarter e a expectativa é de que inicie as vendas em maio de 2016, mas basicamente é uma horta vertical composta por módulos interconectáveis que permite ter o tamanho que você quiser. Em cada espaço há uma esponja feita de poliuretano e amido contendo as sementes. O restante é similar aos que já falamos acima.

Screen Shot 2015-10-13 at 19.59.58Screen Shot 2015-10-13 at 19.59.42

Se você prefere algo mais radical, pode ter até sua própria floresta tropical. A Biopod é o primeiro “smart micro habitat”, propõe replicar o ambiente florestal em um jardim urbano fechado. Nele você deve, inclusive, colocar animais como pequenos répteis. Mas esse só iniciará a campanha de crowdfunding a partir de outubro e não tem ainda expectativa de data para a comercialização.

 

Alternativas não faltam, quem sabe no futuro não dependeremos mais dos supermercados para fornecer nossas hortaliças? Será a volta das trocas em que eu dou uns pés de alface em troca de alguns tomates?

 

http://biopod.org/

http://www.digitaltrends.com/home/plug-and-plant-is-an-easy-to-grow-vertical-garden/

http://www.digitaltrends.com/home/grow-fruits-veggies-fish-poo-powered-aquaponic-indoor-garden/

http://plantui.com/smart-gardens/plantui-6/

http://www.hypeness.com.br/2015/07/horta-em-casa-dispositivo-inovador-promete-vegetais-frescos-ano-inteiro-sem-precisar-de-terra/

http://www.digitaltrends.com/home/indoor-garden-devices/

http://www.pensamentoverde.com.br/acoes-verdes/horta-em-presidio-produz-400-caixas-de-alimentos-por-mes/?utm_source=fanpage&utm_medium=noturna&utm_campaign=hortapresidio

http://www.hypeness.com.br/2015/07/a-horta-comunitaria-em-sao-paulo-cultivada-por-moradores-de-rua/

Uma refeição nada convencional

Não, dessa vez não se trata de comer insetos, mas sentar-se à mesa e simplesmente comer sua refeição já não é a única alternativa nos dias de hoje.

Para começar, você pode inalar sua bebida em forma de vapor. Já falamos aqui do bar onde se pode fazer isso, mas a novidade é que agora você pode ter o mesmo sistema na sua casa. Ele atende pelo nome de Vapshot e lança o vapor alcoólico em garrafas, aí é só sorver o vapor usando um canudo, se você possuir os setecentos dólares para adquirir o modelo básico, claro.

Em Cozumel, no México, o Clear Lounge, primeiro bar de oxigênio subaquático do mundo, promove degustações de bebidas não-alcoólicas feitas de uma mistura de ar aromatizado que chegam ao cliente através de um capacete especial. A experiência de sabores em infusão de oxigênio tem ainda a vantagem de não terminar em ressaca no dia seguinte.

Screen Shot 2015-10-11 at 17.34.13

Para acompanhar o drink inalável, nada melhor que comida inalável. o restaurante Juniper Kitchen and Wine Bar, de Ottawa, pode lhe oferecer essa experiência. O sistema é similar ao do Vapshot, em que os aromas da preparação alimentar podem ser sorvidos com um canudo e permitem sentir o gosto da comida, porém sem ingerir suas calorias e gorduras, por exemplo.

Apesar de parecer interessante a ideia de comer comida sem propriamente ingeri-la, é só lembrar o que acontece quando passamos ao lado daqueles fornos “televisão de cachorro”, o cheiro é maravilhoso, mas continuamos com fome, sem contar que, se por um lado esse pode ser o coadjuvante em dietas de emagrecimento, sem o devido controle pode levar à anorexia.

Se vapor não for bem a sua onda alimentar, pode tentar o AeroLife, pequeno bastão com minúsculas partículas de pó de alimentos, nutrientes e, em breve, medicamentos. A empresa promete entregar grande sensações em pequenas quantidades. Basta abrir o tubo, sugar e engolir energético, frutas, vitaminas e afins.

Entretanto, se nem mesmo todo esse aparato para reduzir sua comida a pó lhe convencer, renda-se à inovação e prove do Space Glass, um copo desenvolvido pela marca de whisky escocesa Ballantine`s, que permite beber whisky no espaço.

 

Screen Shot 2015-10-11 at 17.37.39

Como na ausência de gravidade os objetos flutuam, o copo consegue manter a bebida presa a ele. O copo é impresso em impressora 3D e possui canudos para que o líquido não se perca pelo caminho até a boca. Sem dúvidas, bem mais interessante que a plantação de alface no espaço...

 

http://www.hypeness.com.br/2015/09/conheca-o-bar-subaquatico-onde-os-visitantes-usam-mascara-de-oxigenio-para-inalar-as-bebidas-sem-alcool/

http://www.clearloungecozumel.com/

http://aerolife.com/what/

http://www.hypeness.com.br/2015/09/marca-lanca-copo-especial-que-permite-beber-whiskey-no-espaco/

http://www.digitaltrends.com/home/forget-drinking-vapshot-lets-literally-inhale-booze/

http://www.digitaltrends.com/home/restaurant-offers-le-whaf-inhalable-food/

http://www.digitaltrends.com/cool-tech/ballantines-has-invented-a-zero-gravity-whisky-glass-so-you-can-get-buzzed-in-space/

Vida longa às frutas

625 mil caminhões cheios. Essa é a quantidade de frutas que vão para o lixo todos os anos no Brasil. Para se ter ideia, isso representa cerca de 30% da produção do país. O índice considerado aceitável é de até 5% de desperdício.

Screen Shot 2015-10-11 at 01.30.12

Felizmente há quem se dedique a esta causa, um aluno do Instituto Federal de Brasília formulou uma solução de baixo custo, feita a partir de fécula de mandioca e óleo de cravo-da-índia. O estudo foi feito com bananas e basta mergulhá-las na solução, que custa menos de cinco reais por litro, para aumentar seu tempo de vida em dez dias. A fórmula, além de impedir o desenvolvimento de microorganismos, também retarda a maturação do mesmo. O próximo passo, nesse caso, é verificar a patente e pesquisar alternativas para a produção em larga escala.

Screen Shot 2015-10-11 at 01.34.06

Nos Estados Unidos, pesquisadores publicaram no Jornal de Ciências dos Alimentos (Journal of Food Science) que membranas feitas de pectina, pullulan e quitosana ampliam a vida útil de morangos. Eles completam que, pesquisadores do México descobriram que se essas membranas forem incorporadas a benzoato de sódio e sorbato de potássio, elas contribuem para a redução do amolecimento da fruta e diminuição da atividade microbiana, mas preservam a cor, o sabor e a textura dos morangos, e a validade deles aumentou de seis para quinze dias.

A pectina é naturalmente presente em diversas frutas, a quitosana faz parte das cascas de crustáceos como o camarão, por exemplo, e a pullulan proporciona suporte extracelular, o que faz com que um embalagem feita desses componentes seja fácil e barata, podendo ser futuramente produzida em larga escala.

Cientistas de Washington State University demonstraram que luz ultravioleta C (UVC) é eficaz contra patógenos na superfície de algumas frutas tais como maçãs, pêras, morangos, melões cantaloupe. A notícia é especialmente promissora para produtores de frutas orgânicas, uma vez que representa uma alternativa aos sanitizantes químicos comumente utilizados.

Screen Shot 2015-10-11 at 00.23.15

A radiação UV é presente na luz do Sol, mas é completamente absorvida pela camada de ozônio. Por não penetrar em objetos sólidos e opacos, é eficiente na sanitização de superfícies, pois atua destruindo o DNA dos microorganismos, mas não afetou as características organolépticas das frutas.

O estudo mostrou que a técnica é mais eficaz em E.coli do que em Listeria e inativou até 99% dos patógenos presentes, mas ainda precisa de estudos mais aprofundados para ampliar esse percentual, uma vez que em frutas com superfície irregular, como é o caso dos melões cantaloupe, o efeito da radiação UVC diminui, requerendo outros métodos para complementar a eficácia. Ainda assim, a técnica é promissora, pois é barata e de fácil implementação, segundo os pesquisadores envolvidos.

Aumentar a vida útil das frutas é importantíssimo, mas cada um deve também fazer a sua parte. Em Portugal nasceu a Fruta Feia, uma cooperativa para o consumo de, como o próprio nome diz, frutas (legumes e hortaliças também) feias. Lá, dezesseis toneladas de frutas e verduras deixam de ir para o lixo todos os meses. É que esses produtos, que os produtores não conseguiriam comercializar por serem desprezados por supermercados e consumidores, passaram a ser vendidos por preços mais baixos, esteticamente feios, porém igualmente funcionais, a cooperativa tem mais de 800 associados, mas uma fila de espera de mais de 2000. A Fruta Leia ganhou recentemente o prêmio Inovação da Crédito Agrícola, na categoria Empreendedorismo e Inovação Social.

Na França aprovou neste ano um projeto de lei que proíbe supermercados de destruir alimentos que não foram vendidos. Na prática, a medida visa obrigar os estabelecimentos a doar as sobras de alimentos que não estiverem com o prazo de validade vencidos e foram apropriados para o consumo, para instituições de caridade. A punição para quem descumprir a norma poderá chegar a multa de até 75 mil euros ou dois anos de prisão.

Ainda é pouco perto de tanta comida jogada fora, mas aos poucos se nota o avanço. Cada um faz a sua parte, nós, enquanto consumidores e a ciência, aliada à inovação e à tecnologia, faz a dela.

 

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/06/portugueses-criam-cooperativa-para-combater-desperdicio-de-alimentos.html

http://www.frutafeia.pt/

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/40473/contra+desperdicio+franca+aprova+lei+que+obriga+supermercados+a+doar+alimentos+nao+vendidos.shtml

http://www.foodengineeringmag.com/articles/94445-edible-coatings-may-increase-shelf-life-of-strawberries

http://www.sciencedaily.com/releases/2015/07/150728091741.htm

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/06/brasil-desperdica-30-da-producao-nacional-de-frutas-por-ano.html

Não leve gato por lebre

Quem nunca se sentiu bobo por comprar aquela fruta linda e descobrir que não estava doce ou comer um delicioso bolinho de peixe que passa longe de ser bacalhau, que atire a primeira pedra.

Nos Estados Unidos, cerca de 30% do pescado comercializado no país contém informação errada no rótulo para o produto ser vendido mais caro. No Brasil, a PROTESTE analisou amostras de peixes vendidos como sendo bacalhau e descobriu fraudes. É obrigatório informar a espécie do peixe e esse tipo de fraude configura violação tanto à legislação sanitária quanto ao Código de Defesa do Consumidor.

Pensando nisso, pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida desenvolveram o QuadPyre, um dispositivo portátil que detecta a espécie do peixe que está no seu prato ainda que esteja já cozido. O aparelho faz a análise da sequência do RNA da amostra e, por enquanto, mostra apenas se é garoupa (o peixe mais consumido na Flórida) ou não. Os resultados saem em quarenta minutos e a análise requer uma etapa intermediária para reagir a amostra, o que é demorado e complicado, mas ainda é mais simples, rápido e acessível que possuir um laboratório completo e realizar testes genéticos completos.

Screen Shot 2015-10-08 at 19.28.15

Já os químicos do MIT criaram sensores que detectam gases. Além de não requererem uso de energia elétrica para funcionar, também requerem pouca manutenção, possuem custo acessível e se comunicam com smartphones e computadores. Os sensores foram feitos a partir de etiquetas RFID modificadas pela adição de um material feito de nano tubos de carbono programado para detectar uma determinada substância. Quando a substância está presente na amostra, a corrente elétrica do sensor se altera.

Screen Shot 2015-09-03 at 19.54.25

A perspectiva para esses sensores é que sejam utilizados para detectar alterações em alimentos. E é possível detectar esses gases através de caixas ou até mesmo de paredes, caso os alimentos estejam estocados, prevenindo as pessoas da exposição às amostras que podem estar contaminadas.

Em Tel Aviv a startup Consumer Physics lançou um dispositivo portátil capaz de decifrar a composição de diversos produtos como remédios, alimentos e plantas e disponibilizar o resultado em poucos segundos. Esse sensor molecular atende pelo nome de Scio e recebeu investimentos no Kickstarter para se tornar realidade.

Apesar de parecer ficção científica, a técnica por trás do Scio é baseada em espectrometria de infravermelho próximo, bastante utilizada em laboratórios de todo o mundo. De forma resumida, a luz infravermelha possui energia para excitar moléculas da amostra fazendo as vibrar e refletir de maneira única. A luz refletida passa pelo espectômetro que separa os diferentes comprimentos de onda e por esta análise é possível determinar a composição do material em questão. Há ainda um aplicativo para smartphones que acompanha o dispositivo e apresenta o resultado de maneira simples e também um kit de desenvolvimento de software será aberto a desenvolvedores que queiram criar suas próprias aplicações.

Screen Shot 2015-10-08 at 20.35.01

O Scio pode analisar uma vasta gama de produtos, exceto metais, então o potencial de mercado é enorme, com ele você pode verificar se a maçã que você está comprando no mercado está madura, quantas calorias tem no seu suco, se ninguém “batizou” sua bebida no bar enquanto você estava distraído e até mesmo se o bar realmente te vendeu chopp Brahma (isso aconteceu mesmo em São Paulo, para ver o caso, clique aqui).

A grande inovação nesse caso é a de fazer com que a tecnologia, antes cara e restrita a laboratórios, passe a ser acessível à população. E afinal, não deveria mesmo ser esse o objetivo da ciência?

 

http://www.digitaltrends.com/home/spoil-sport-this-sensor-pings-your-smartphone-when-your-food-goes-bad/

http://www.geek.com/science/quadpyre-can-detect-when-your-seafood-isnt-what-it-claims-to-be-1615126/

http://www.proteste.org.br/alimentacao/nc/noticia/proteste-descobre-fraude-em-bacalhau-pouco-antes-da-pascoa

http://www.digitaltrends.com/mobile/pocket-sized-molecular-spectrometer-tells-chemical-makeup-foods/